Saturday, November 1, 2008

MONOTONIA SEM VERGONHA «À LA FRANÇAISE»


Nos passados dias 25 e 26 de Outubro de 2008, no SESC Pinheiros de São Paulo, Brasil, a Companhia de Maguy Marin apresentou «Umwelt».
Deste espectáculo não vale a pena falar dos intérpretes (que desempenharam o seu papel), nem das luzes, nem da música (sobretudo não vale a pena falar desta), por e simplesmente porque não existiu espectáculo.
Não sou do tipo de público que ainda vai ver um espectáculo à procura de definições, procurando ver algo que os nossos antepassados catalogassem de dança, teatro ou outra coisa bem definida.
Mas «Umwelt» por e simplesmente não é um espectáculo, ou se o é (pois é apresentado como tal), apetece pedir à sua criadora que reveja as suas necessidades artísticas e o apresente como aquilo que é: uma instalação performativa!
Atrás de um pretexto intelectual e de uma instalação de painéis espelhados, ventoinhas e uma instalação musical mais interessante estéticamente que musicalmente, uma dezena de intérpretes repetem acções, que apesar de uma aparente evolução, são demunidas de qualquer interesse.
A monotonia instala-se e o público exaspera-se, pois aquilo que se crê ser um momento do espectáculo, é o principio, o meio e o fim dessa instalação performativa, não havendo nenhum «turning point» revelador, e mesmo os acidentes e irregularidades humanas desta preformance não conseguem elevar o interesse deste objecto artísitico, para que valha a pena pagar um bilhete para estar sentado num teatro a olhar para aquilo.
Numa galeria, ou mesmo num teatro, mas apresentado como algo em que o público pudésse circular livremente, talvez fôsse suportável...
E depois trazem este trabalho ao Brasil para apresentar aquilo que se faz na Europa?
Felizmente que a Maguy Marin tem o tempo e o dinheiro de um Centro Coreográfico Nacional e de uma carreira notória para se dar ao luxo de «parir» tal «aborto», pois se fosse um jovem criador já estaria morto e enterrado.

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