Friday, January 30, 2009

ODE À ÓPERA CONTEMPORÂNEA EM BILBAO








A nova direcção artística do Teatro Arriaga de Bilbao, encabeçada pelo emérito encenador de ópera Emilio Sagi, com a cumplicidade do rigoroso cenógrafo Daniel Bianco, para além de há um ano para cá terem posto em obra um plano ambicioso de recuperação dos valores bascos e espanhois, reformulando uma programação que procura igualar a de qualquer outro grande teatro europeu, conta como trunfo e objectivo trazer à cidade de Bilbao, cidade tão conhecida pelo seu museu de arte contemporânea, o famosissimo Guggenheim, espectáculos líricos raros e de alto nível artístico.
Este é o caso do espectáculo “Elegy for Young Lovers” do compositor contemporâneo Hans Werner Henze, que se exibe dias 29 e 31 de Janeiro de 2009.
Dirigido cenicamente pelo grande director italiano Pier Luigi Pizzi e musicalmente pela jovem e talentosa Gloria Isabel Ramos Triano, que dirige com mão maestra uma obra bastante rica e complicada.
No palco brilham nomes como Giuseppe Altomare que interpreta estupendamente o poeta Mittenhoffer, Christa Ratzenbock, uma carismática condessa Carolina, os jovens amantes protagonizados por Talia Or e John Bellemer, o Doctor Reischmann de Roberto Abbondanza e para coroar este elenco de excepção, a fantástica Isolde Siebert como Hilda Mack, mulher lunática e musa inspiradora do decadente poeta protagonista.
No fosso a Bilbao Orkestra Sinfonikoa – BOS protagonizou de maneira exemplar esta obra tão contemporânea.
O público, certamente pouco habituado a este tipo de obra, acudiu timidamente, não enchendo a sala deste maravilhoso Teatro, apesar de que o ditado “poucos mas bons” se fez sentir numa grande ovação final, na qual a timidez inicial foi suplantada.
Desde Setembro de 2008, momento efectivo da nova orientação de programação, que se tem podido apreciar uma actividade frutífera e sem precedentes no Teatro Arriaga, começando com a criação da zarzuela do compositor basco Pablo Sorozabal: “Katiuska”, elevando o Teatro Arriaga ao rango de productor de zarzuelas, género exclusivamente hispano e que até há bem pouco tempo apenas encontrava no Teatro da Zarzuela de Madrid, monopólio absoluto do género. A vontade de elevar a zarzuela a um espectáculo de qualidade, herdeiro de tradição espanhola e de valores artisiticos a renovar, fez escola, e Teatros como o Palau de les Arts de Valencia e o Teatro Municipal de Santiago do Chile fizeram recentemente novas produções de zarzuela.
“Katiuska” foi um grande êxito, e para os que a não puderam apreciar em Bilbao, terão a oportunidade de assistir a este espectáculo em outros Teatros espanhois como o Teatro Calderón de Valladolid, Teatro Español de Madrid ou no Festival de Zarzuela de Oviedo.
Em Dezembro o Teatro Arriaga programou “Il Viaggio a Reims”, Rossini pouco conhecido, que pela mão de Emilio Sagi encontra uma contemporaneidade cheia de brilho e matizes.
Depois desta “Elegy for Young Lovers”, em Fevereiro poder-se-á assistir à “L'infedeltà Delusa” de Haydn e uma nova producção de “Les Mamelles de Tirésias” de Poulenc, em Maio, a não perder.
No âmbito da zarzuela, uma nova producção de “Château Margaux” e “La Viejecita” encenadas pelo catalão Lluís Pascual, que aceitou o desafio de encenar por primeira vez na sua ampla carreira premiada de êxitos, não uma, mas duas zarzuelas.
Teatro Arriaga, Teatro a vigiar de perto e a tomar como referência. Porque “nuestros vecinos” estão mesmo aquí ao lado e demonstram um “savoir faire” exemplar, do qual podemos todos aprender!



No comments: